Por coincidência ou não, os principais lançamentos destes dois meses que marcam o fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido se concentram automóveis voltados a um público de poder aquisitivo mais baixo e/ou emergente. É o caso do c, apresentado no início desta semana.

Será o caso, na próxima semana, do sedã Logan, da Renault, que passa por sua primeira reestilização, mudanças muito leves, segundo quem já viu. No final do mês, será a vez da picape Peugeot Hoggar (pronuncia-se "ogár" e não "rôgar"), que chega para concorrer com Fiat Strada, Volkswagen Saveiro e Chevrolet Montana. No início de maio, será a vez do novíssimo Fiat Uno, um produto que promete ser um tanto revolucionário para o mercado.

É no mínimo curioso ver a mesma marca que comercializa um utilitário esportivo como o Captiva, de seus R$ 100 mil, fazer um comercial para a TV em que o pai leva a filha noiva à igreja a bordo do Classic. No caminho, a noiva tece elogios ao modelo. Ao chegar ao destino, ela pergunta ao pai: "O senhor emprestou este carro de quem?", ao que ele responde: "De você". Sim, a ideia é ser pelo menos o primeiro carro, ou o primeiro zero-quilômetro, de muita gente.

Em um mercado em que há automóveis partindo de seus R$ 22 mil (no caso do Classic, R$ 28 mil), significa dizer que carros "para o povo" por aqui são modelos na faixa entre R$ 25 mil e R$ 35 mil. Planos tentadores de financiamento e poder aquisitivo mais elevado devem de fato atrair um contingente que tempos atrás não podia mais do que sonhar com o cheirinho de carro novo. De alguma forma, é uma inclusão. O que é sempre bom.